Via Oral
Um blog sobre textos, aforismos, arte, literatura, arquitetura, humanismo e outras coisas para as quais ninguém dá a mínima. Escrito em encenado nas poucas horas vagas que a atividade de ADA (Arquiteto Doméstico Administrador) permite.Um espaço perfeitamente adequado à muita conversa fiada, mentiras acreditáveis, ranhetices, rupturas, causos, crônicas e, sobretudo, área disponível aos amigos, uma turma cheia de gaiatices mas que eu adoro. |
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sexta-feira, fevereiro 11, 2005
Essa história eu li outro dia, quando a recebi num emeio; achei que faltava alguma coisa nela. O final não era bem assim, não era muito legal e nem satisfazia minha eterna aspiração romântica. Volto de férias e adoto uma tônica romântica para esse 2005. Eu sei que não adianta de nada. Mas acho que o mundo fica com menos graça quando sonhamos menos.
Estou de volta.
A Máscara Mágica
Era uma vez, um lorde muito influente e poderoso que tinha milhares de soldados sob o seu comando, e com os quais conquistou grandes domínios para si mesmo. Ele era sábio e corajoso, respeitado e temido por todos, mas ninguém o amava. A cada ano que passava ele ficava mais severo, mas também mais sozinho, e seu rosto refletia a amargura de sua alma gananciosa, pois linhas profundas e feias demarcavam sua boca cruel que nunca sorria, e rugas sulcavam permanentemente sua testa.
Ele encontrou, porém, em uma das cidades que governava, uma linda donzela a quem observara por muitos meses nos seus afazeres entre o povo. O lorde se apaixonou pela moça e quis desposá-la. Decidiu ir falar com ela. Vestiu sua roupa mais fina e colocou um coroa de ouro na cabeça. Ao olhar-se no espelho para verificar a impressão que causaria à linda dama, não viu nada além de um semblante que, a ela, lhe causaria medo e lhe daria motivos de sobra para que não gostasse dele: um rosto cruel e duro que ficava ainda pior quando tentava sorrir. Então, ele teve uma idéia audaciosa e, para realizá-la, mandou chamar um mágico, a quem ordenou:
- Faça-me uma máscara da cera mais fina, para que esta acompanhe cada movimento do meu rosto; mas pinte-a com suas tintas mágicas para que tenha uma expressão agradável e bondosa. Coloque-a no meu rosto de maneira que eu nunca mais tenha que tirá-la. Faça uma máscara bonita e atraente. Use todo o seu talento para isso e eu pagarei qualquer preço. O mágico respondeu:
- Eu posso fazer isso com uma condição. O senhor terá que manter o seu rosto dentro das linhas que eu pintar, porque, caso contrário, a máscara ficará estragada. Uma única carranca vossa, e a máscara ficará irremediavelmente estragada e não poderei substituí-la.
- Farei tudo o que me pedir - disse o lorde, ansioso. "Qualquer coisa para conquistar a admiração e o amor da minha dama" - exclamou. - Diga-me como posso evitar que a máscara rache.
- O senhor precisa ter pensamentos bons - respondeu o mágico. E para isso precisa de fazer boas ações. Precisa ter um reino feliz, em vez de um reino poderoso. Tem que substituir a ira por compreensão e amor. Construa escolas para seus súditos e não somente prisões; hospitais e não somente navios de guerra. Seja gentil e cortês com todos.
E então foi feita a máscara maravilhosa e ninguém teria adivinhado que não era o verdadeiro rosto do lorde.
Os meses foram passando e, embora a máscara tenha freqüentemente corrido o risco de ficar estragada, o homem lutou muito consigo mesmo para mantê-la intacta. A linda moça tornou-se sua esposa e seus súditos se maravilharam com a transformação milagrosa que tinha ocorrido com ele. Atribuíram isso à sua encantadora companheira que, diziam eles, o havia tornado como ela. À medida que a cortesia e a consideração foram permeando a vida deste homem, a sinceridade e a bondade também se fizeram presentes, e ele logo se arrependeu de ter enganado a sua linda mulher com a máscara mágica. Finalmente, não conseguia agüentar mais esse pensamento e mandou chamar o mágico.
- Retire de mim este rosto falso - pediu. Tire esta máscara enganadora que não representa a minha pessoa!
O mágico então respondeu:
Se eu a tirar, nunca mais poderei fazer outra e o senhor terá que ficar com o seu rosto para o resto da vida!
- Eu prefiro isso - disse o lorde - que enganar aquela, cujo amor e confiança eu ganhei por meios desonestos.
- Prefiro ser desprezado por quem amo, que continuar fazendo algo que ela não merece. Tire a máscara, eu lhe ordeno que tire a máscara!
O mágico, num gesto rápido, tirou a máscara e o lorde, angustiado e assustado, correu aos seus aposentos, procurando ver-se no espelho. Seus olhos se animaram e seus lábios se abriram num sorriso radiante, pois as linhas feias haviam desaparecido. A carranca havia sumido e seu rosto estava exatamente igual ao da máscara que ele usara por tanto tempo! E quando voltou para junto da sua amada esposa, ela viu apenas as feições normais do homem que amava.
Encantado, o lorde foi ter com o mágico, para contar-lhe que o risco suposto era infundado. Ao que o mágico respondeu: - Senhor, jamais te coloquei máscara alguma, que não a fina camada de goma arábica que tiraste do rosto no primeiro banho. A verdadeira máscara tu mesmo a fizeste, com teus atos de bondade, perseverança e o grande amor que desenvolveste em teu coração. Segue, agora só, lorde, pois de mim não mais precisas. A magia do amor, aquela que pode tudo, agora é verdadeiramente tua, para sempre.
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Se medicaram:
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