Via Oral


Um blog sobre textos, aforismos, arte, literatura, arquitetura, humanismo e outras coisas para as quais ninguém dá a mínima. Escrito em encenado nas poucas horas vagas que a atividade de ADA (Arquiteto Doméstico Administrador) permite.
Um espaço perfeitamente adequado à muita conversa fiada, mentiras acreditáveis, ranhetices, rupturas, causos, crônicas e, sobretudo, área disponível aos amigos, uma turma cheia de gaiatices mas que eu adoro.
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domingo, maio 15, 2005

Golpe geriátrico

Muitos dizem que sou pessimista com relação ao Brasil. Bom, se pessimismo agora é o sinônimo de realismo, então, tá: sou pessimista sim. E a realidade é que esse peís está se transformando num grande mercado popular, onde escrúpulo é negociado a preço de nanana nanica. Delineia-se um futuro sombrio, onde o mau-caratismo de hoje, enraíza a conduta ética de amanhã. Como não ser pessimista, quando se vê o vilipêndio da manipulação da fé pública, por gente que teria a obrigação de fazer exatamente o contrário do que apregoa e faz? Falo das inúmeras propagandas veiculadas na tv por instituições financeiras que perseguem os aposentados e sua parca renda, esses Sísifos da modernidade que, depois da conquista inglória, após mais de três décadas de trabalho, continuam a carregar, montanha acima, o peso de um trabalho qualquer que lhe complemente a renda humilhante. Velho, cansado e excluído, o aposentado brasileiro é muitas vezes, o fiel da balança na hora da contabilidade doméstica. Sem a sua contribuição, muitas famílias passariam necessidade ou seriam simplesmente inviáveis. A fome inviabiliza qualquer instituição. Pois bem: atores, apresentadores de tv, comediantes, entre outros, sorriem cinicamente diante das câmeras para promover empréstimos pré-aprovados, ao seletíssimo grupo de senhoras e senhores aposentados. Com a oferta de dinheiro, a juros pretensamente baixos e a "facilidade" do desconto das parcelas diretamente da conta onde a vítima recebe o benefício, muitos verão aí, uma oportunidade à classe, ofertada por essa turma de banqueiros que querem sempre parecer que são todos "gente muito boa". A voracidade com a qual investem sobre os pobres coitados dos aposentados é quase desumana. Só assim se justifica a contratação de gente do peso de Ana Maria Braga e Hebe Camargo, tudo para convencer os velhinhos incautos, de que apanhar dinheiro a juros bancários é um negócio bom à beça. É bom sim, aliás, ótimo mesmo para os bancos. Imagino hoje, milhares de pobres coitados caindo nesse "conto do vigário", empenhando as velhas cuecas samba-canção e suas camisetas de atleta remador, para dar boa vida ao neto adolescente mal acostumado, ou àquele filho trapalhão, ou ainda àquela espertalhona que lhe balança os seios fartos, com promessas sexuais que nenhum Viagra jamais dará conta. A solidão da velhice os conduz a tolices dessa monta, sim. Explorá-los com acenos desse tipo é covardia imperdoável. Não que eles não precisem de dinheiro; precisam e muito. O que eles não precisam é ser explorados por calhordas engravatados que lhes cobram juros indecorosos, escudados por velhotas ambiciosas, cujas plásticas conseguiram esticar-lhes tudo, menos a vergonha na cara.

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sexta-feira, maio 06, 2005

Uma observaçãozinha (patéticos esses diminutivos...): Como foi Odila quem me indicou, não posso indica-la - lógico! - porque ela já respondeu à enquete. Passo a bola então para a amada Alesie, que também costuma colocar a alma pelo avesso, toda vez que se põe a escrever...

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Ex-Libres da Tugosfera


Interessantíssimo esse espaço lançado por aqui, pelo campeão
Manoel Carlos, esse agrestino porreta que ainda hei de encontrar na Feira de São Cristóvão, um dia. Espécie de Corrente da cultura literária, é uma brincadeira séria muito bacaninha ("que veio da Mica, de As coisas de Micas, que está blogada lá no Agrestino", como me diz Odila), que nos apresenta, uns aos outros, através da leitura. Muito bom.
Pra vocês três, que são a minha indicação carinhosa: responda, indique, e vamos em frente; porque, atrás, sempre vem (por menos que desejemos) muita gente.

Vamos lá, então:


Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?


Um livro que eu mesmo o tivesse escrito, após intensa batalha com a preguiça.

Já alguma vez ficaste apanhadinho(a) por um personagem de ficção?

Claro, pelos meus mesmos. Nas minhas historietas eu sou eles todos: a criança atormentada pela arte praticada, o amante traído, a mulher superficial... Somos a nossa fantasia vivida na realidade. Quando a realidade endurece, voltamos à fantasia. Pulamos lá e cá, como meio de sobrevivência. Sou apanhado pelos meus personagens; eles são minha vida viável.

Qual foi o último livro que compraste?

Amores Possíveis, o livro-roteiro do filme. Viver só é difícil mesmo porque a gente continua com essa mania besta de sempre amar a alguém. Outros: Da república, de Cícero; e A República, de Platão. Todos comprados ali, na banca da esquina, baratex...

Qual o último livro que leste?

Meu livro-caixa. Estou traumatizado até agora. Antes, foi A doença como linguagem da alma, de Rüdiger Dahlke que fala dos inúmeros processos psicossomáticos que envolvem a geração de enfermidades e a representação da doença no aprendizado e no desenvolvimento humanos. Uma longuíssima viagem. na verdade, deveria ter invertido a ordem da leitura. Fiquei malzão, depois de ler meu livro-caixa.

Que livros estás a ler?

Estou iniciando um agorinha: Os Passos de Juliana Yanakieva, de Roberto Pereira, publicação patrocinada pela Fundação de Arte de Niterói, e que fala do mundo do balé clássico, tão hermético para os que não o praticam e/ou o freqüentam. Uma viagem que começa na Europa de antes da Guerra, e vem até a década de 90, aqui pela terrinha. Um belo passeio. Na fila: A confissão de um filho do século, de Alfred de Musset.

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?

Só poderia levar cinco? Não é justo.
Primeiro, convidaria a beldade da Nerisa, para o tempo de entre-leituras. Então, eu levaria os autores, o que seria muito mais divertido: Cecília com seu caderninho de poesias, as crônicas de João do Rio, ditadas por ele mesmo, todo o cinismo cáustico de Wide, a personalidade crítica de Dante Alighieri, a essência socratiana de Platão, a grande comédia de Dante e, como ninguém é de ferro, Veríssimo, esse palhaço adorável. Ficaria vendo essa turma toda conversando e depois perguntaria tudo ao Millôr, que a essa altura já não me daria a menor atenção. Na verdade, levaria o pensamento desses autores, junto com leituras de Raul Pompéia, Érico, Eça, Graciliano, o romantismo de Maria Valéria Rezende. Sei lá, mas acho que levaria mais uns dez blogueiros que escrevem como poucos...

A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e por quê?

Um dos meus prediletos, pela qualidade de pensamento é o Paulim, do Rindo de Nervoso. A indicação da digressiva Odila, que me fez desmanchar, escorrer pelo sofá e molhar a sala toda de tão honrado, não é um agradecimento; é, antes de tudo, uma força a mais pelo reconhecimento de uma moça que escreve com as tintas da alma. E como é tingida de cores, essa alma amiga... Pra fechar, a indicação de quem mudou profundamente a minha visão dos portadores de deficiência física: Marcela Cálamo, do Maré, que abriu-me uma janela para um mundo diferente, de pessoas diferentes que são iguaizinhas à gente. Agora eu sei que são. Obrigado, Marcela.



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