Via Oral
Um blog sobre textos, aforismos, arte, literatura, arquitetura, humanismo e outras coisas para as quais ninguém dá a mínima. Escrito em encenado nas poucas horas vagas que a atividade de ADA (Arquiteto Doméstico Administrador) permite.Um espaço perfeitamente adequado à muita conversa fiada, mentiras acreditáveis, ranhetices, rupturas, causos, crônicas e, sobretudo, área disponível aos amigos, uma turma cheia de gaiatices mas que eu adoro. |
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sexta-feira, agosto 20, 2004
Minha querida Marcela, que tem muita história pra contar, transcreveu um texto no Maré, onde o Dr. Dráuzio Varela intrevista uma cientista sobre as possibilidades das chamadas células-tronco, uma das mais novas esperanças da medicina, na cura de doenças tão diversas quanto díspares. E o meu meu comentário sobre seu post, à época, acabou ficando tão grande que acabei enviando por e-mail. Ela o devolveu, sugerindo que eu o postasse aqui, no Via Oral, como forma de engrossar a luta pela liberação oficial das pesquisas científicas com células humanas em estágio evolutivo específico, as tais células-tronco. Não vou explicar aqui o que é exatamente isso, porque o texto do Maré esbanja clareza. Vão lá, que vale a pena. Aqui, só um pouco de ironia, contra a estupidez dos que não sabem o que é, não querem saber, mas que de antemão não gostam.
Reina a ignorância em Pindorama...
A igreja, palco de dogmas que aprisionam os tolos, os ingênuos e os crentes manipuláveis, de um lado; políticos, empresários e idiotas em geral, de outro. Todos nos imprensam, a nós, aos necessitados, aos desassistidos e ao resto do mundo, que não sabe ou não quer saber de coisas que não lhe incomodam no momento. Meia-dúzia opinam e a turba os acompanha, mesmo sem saber do que se trata, mas morrendo, se for o caso, na defesa dos que os lideram.
Afirmar que a vida existe a partir da fecundação, é uma meia-verdade que não atende a nenhum preceito filosófico-religioso-antropológico-científico em sua plenitude, por menos abrangente que esse polinômio se apresente. Não se sabe exatamente a partir de que instante existe vida, até mesmo porque isso é um conceito em evolução. O processo mecânico da proliferação humana pode começar num primeiro beijo entre um casal de desconhecidos, se assim se desejar. Mas, até onde ele irá? Até a divisão celular em 64 partes? Seria mesmo a partir daí, que a "alma" se apossa do corpo? Ou é muito depois disso? E se for antes? Quem determina esse momento? Deus? E Ele também determina que a ciência que salva vidas, que traz felicidades, alegrias (seu principal objetivo com a raça humana segundo todas as crenças da terra), somente ocorra sob sua absoluta aprovação, informando aos homens da sua decisão, através de uma sinalizadora estrela cadente?
Sempre tememos o desconhecido. E o que mais tememos, ainda é a capacidade que só o homem tem: a de fazer bobagens com sua inteligência, como aconteceu com o primeiro fogo aceso, a primeira roda, a primeira explosão da pólvora, a primeira bomba nuclear, o primeiro vírus criado em laboratório...
Para combater o medo, só a informação constante, a educação pertinente, elucidativa e não manipuladora. Cada um deve ler e saber o que significa célula-tronco, o que quer dizer paralisia permanente, o que é vida, como começa, onde termina, se é que termina... E cada um que se diz contra, que nos diga então, como se faz para explicar a uma criança que ela não poderá mais correr; ou o melhor jeito de se falar para uma mãe, que ela não mais poderá gerar um filho, depois de perder o seu primogênito em parto; ou ainda, falar para seu marido, para sua esposa, para seu irmão, que, quando lhe tirarem a venda, não haverá mais luz, nem cor, nem um olhar, e também nenhuma esperança, porque, aqueles que poderiam devolver-lhe a visão, foram os primeiros a ficar cegos por interesse, por conveniência, ou por acreditarem que essa é a verdadeira vontade dos deuses, e que assim será, até que uma estrela cadente no céu lhes diga o contrário.
Temos que nos informar e combater a ignorância generalizada, como se fosse essa nossa mais nobre missão. Ou, ao menos por humanidade, por aqueles que, ainda minoria, foram, são e serão fundamentais para o desenvolvimento do próprio homem. E tenho dito.
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Se medicaram:
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