Via Oral
Um blog sobre textos, aforismos, arte, literatura, arquitetura, humanismo e outras coisas para as quais ninguém dá a mínima. Escrito em encenado nas poucas horas vagas que a atividade de ADA (Arquiteto Doméstico Administrador) permite.Um espaço perfeitamente adequado à muita conversa fiada, mentiras acreditáveis, ranhetices, rupturas, causos, crônicas e, sobretudo, área disponível aos amigos, uma turma cheia de gaiatices mas que eu adoro. |
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sexta-feira, agosto 27, 2004
Outra lembrança do passado, enquanto o tempo de postar novidades ainda foge de mim, como aquela ex-namorada que reencontrei noutro dia...
Verdades e mentiras
Tem dias em que estamos inspirados e outros não. Hoje estou naqueles dias em que a mente está com preguiça e, por mais que eu tente, até parece um stand de horticultura: cheio de abobrinhas. E olha que é bem difícil eu não estar inventando alguma coisa, aprontando com as palavras, me divertindo, enfim. E como gosto muito de escrever, um dia ainda acabo aprendendo esse ofício, o de falar com letras. Um outro ofício que tenho treinado, já esse, ao longo da vida, é o de conquistar as pessoas. Mas, infelizmente, não fui muito além de um ou outro desavisado ou ingênuo. Na verdade, as pessoas não querem ser conquistadas. Preferem, talvez, ser enganadas, pois um desengano pode ser perfeitamente corrigido, ao passo que, de uma conquista é muito mais difícil a gente se proteger e se livrar. Saint-Exupery, que de saint não tinha nada, sabe muito bem dessa história. Bem, se conquistar com verdades é difícil, conquistar com as nossas verdades é mais ainda. Aquele que não tripudiou com o(a) companheiro(a), nos primeiros momentos da conquista, que tire e atire a primeira peça (de roupa). Todo mundo se mostra o máximo, da melhor maneira possível, só para impressionar o parceiro(a). No reino animal, os machos costumam dançar, estufar peito, pular, cantar, se eriçar, enfim, fazem de tudo um pouco, só pra conquistar a fêmea. Já entre nós, a coisa toda é feita na base da mentira mesmo. E é um tal de "eu sou isso", "eu sou a quilo", "eu tenho mais e maior", "o meu é mais bonito", "eu sou assim, sabe..." Ufa! A mentira é tão insistente, que de tão difundida acaba se tornando uma verdade. E, pior: conquista! Bom, pelo menos por algum tempo, ela conquista. E o que se vê depois é uma grande decepção, quando não, dor, lágrimas, acusações, sofrimento, filhos acidentais... Uma tristeza só. Pobres dos homens, que não sabem cantar, não sabem dançar, não pulam, não estufam a alma, não se pintam coloridos, não se eriçam nunca. Pobres de nós, que precisamos falar para dizer que amamos. Pobres de nós, que precisamos mentir para que sejamos amados...
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