Via Oral


Um blog sobre textos, aforismos, arte, literatura, arquitetura, humanismo e outras coisas para as quais ninguém dá a mínima. Escrito em encenado nas poucas horas vagas que a atividade de ADA (Arquiteto Doméstico Administrador) permite.
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quarta-feira, novembro 03, 2004

Perdas ou Ganhos?

Ah, como eu gostaria de saber mais do mundo e da vida, só pra ter em mãos o poder de ajudar a diminuir as mazelas que tanto afligem as pessoas, principalmente os amigos, esses seres tão amados. Mas, não me é possível tal proeza; é pretensão exageradíssima, principalmente para quem quase perdeu o rumo, por conta do abandono imposto à companheira de quase 20 anos. Não, definitivamente eu não seria o mais indicado para salvar o mundo, no todo ou em parte. Mas sou muito do metido à besta, isso sim. E aí, diante de algumas questões absolutamente tentadoras, nascidas de brilhantes e adoradas cabeças que por aqui costumam dar as caras, não poderia eu, pretensioso como sou, ficar de lado, encolhido e alheio, que nem político re-eleito.

Duas questões me eriçaram os pelos nos dias recém passados. A primeira, um recadinho da genial Mariza sobre o post anterior, e que diz assim:

"(...) eu queria poder entender algumas coisas, e uma delas é o crescimento acompanhado de perdas; perde-se a ingenuidade, perde-se a capacidade de amar incondicionalmente, entre outras coisas primordiais."

Bom, eu não sei se consigo explicar o que essa moça brilhante almeja. Contudo, começaria por dizer que a vida não admite perdas, e sim, apenas ganhos. Isso pode soar estranho, muito estranho mesmo. Porém, ao considerarmos um outro referencial (a cada dia mais aceito) qual seja, o de que a existência é contínua e interminável, poderemos então transformar tudo aquilo que temos como perdas, em um outro patrimônio de vida, o qual poderemos rotular de ganhos ou seja, créditos, pontos acumulados, milhagens para as próximas travessias. Ao contrário do que possa parecer, isso não é falácia. A pluralidade de existências, tão defendida por Allan Kardec em suas obras, já é considerada por muitos como uma possibilidade científica a ser atentamente observada, pesquisada, e até aceita, em certos meios acadêmicos. Como não sou religioso, não falo de religião, apenas de ciência. Supondo a possibilidade científica de voltar a esta vidinha, com minha milhagem guardadinha na mala, o que vier, nessa existência, será lucro. Eis o conceito básico. Na verdade, a expressão "crescimento acompanhado de perdas" talvez seja contraditória em si mesma, pois nada cresce sem algum ganho. Nós, que nos acostumamos desde cedo ao acúmulo de riquezas como forma de quantificação de "ganhos" (sempre associado a alegrias nos lucros e a tristezas nos prejuízos), quando passamos por experiências que nos retiram algo, que não nos deixam "lucro", ou que nos fazem tristes, imediatamente fazemos a correlação biunívoca entre as duas coisas: tristeza é igual à perda e vice-versa. Então podemos concluir, por este raciocínio, que nada do que nos deixa tristes representa, obrigatoriamente, uma perda e si.
As outras questões, talvez até mais interessantes, referem-se à perda da ingenuidade e a amar incondicionalmente.
Muito bem: perda de ingenuidade é, na verdade, o ganho da experiência ao longo do caminho. Mais uma vez eu não consideraria como perda o distanciamento da infância (lugar onde costumam morar a inocência e a ingenuidade), que cede lugar à juventude, com todas as cargas "elétricas" e eletrizantes que essa fase nos traz. Acho que não perdemos nada. Apenas trocamos a ausência de preocupações de responsabilidades, por um outro momento, quando passamos a pagar o caro preço por nossas ações voluntariosas e arrojadas e por nossa afoiteza, ou pela coragem desmedida, que por muitas vezes é inteiramente desmiolada... E é justamente aí que está o ganho, no preparo do nosso íntimo para o receber daquilo que a vida pode nos proporcionar de melhor.

Já o ato de amar incondicionalmente, esta sim, é a melhor forma de amar, é o amor em sua melhor forma. Não depende de ninguém gostar da gente, de tratar-nos mal, bem, ou melhor; é o amor do cão pelo dono, da mãe pelo filho, da tiete pelo ídolo. É o amor grátis, que está sempre na melhor promoção. É o coração absolutamente livre de qualquer impedimento e que pode bater por quem quiser, o quanto desejar e pelo tempo que durar. É esse o amor que salva as relações, detém os suicidas, recupera os desesperançados. É o amor salva-vidas. E o que é melhor: é apenas uma opção nossa, praticá-lo. Mas a Mariza sabe disso; ela só estava brincando.
Ah, mas como eu disse antes, duas foram as questões que me eriçaram os pelos. A outra, fica pra próxima.

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