Via Oral
Um blog sobre textos, aforismos, arte, literatura, arquitetura, humanismo e outras coisas para as quais ninguém dá a mínima. Escrito em encenado nas poucas horas vagas que a atividade de ADA (Arquiteto Doméstico Administrador) permite.Um espaço perfeitamente adequado à muita conversa fiada, mentiras acreditáveis, ranhetices, rupturas, causos, crônicas e, sobretudo, área disponível aos amigos, uma turma cheia de gaiatices mas que eu adoro. |
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sexta-feira, dezembro 10, 2004
O sapo-arquiteto
Estou assim, sem tempo, por conta de um pouco mais de trabalho. Arquiteto quando tem trabalho, vocês já sabem como é, não vive outra coisa. E blog, é outra coisa, que merece ser tratado com todo o carinho do mundo, porque recebe a atenção das pessoas queridas, a quem aprendemos a amar sem jamais tê-las visto, tendo a recíproca como a mais pura verdade. Ao contrário do que muita gente diz e pensa, o blog é uma relação concretíssima entre pessoas, entre o pensamento das pessoas, que é o que viaja no tempo, no espaço e fica pra sempre, diferentemente das pessoas. Mas, voltemos ao trabalho.
A profissão de arquiteto, admirada por tantos, romântica, idealizada, não tem nem de longe o glamour e a moleza que muita gente imagina. Lula Cardoso, um arquiteto cheio de bossa e a quem conheci há muitos anos, foi premiado em Paris por uma intervenção urbana de altíssima qualidade. De volta ao Brasil, acabou vendendo sua casa em São Conrado, por que não tinha dinheiro sequer para arcar com os custos de manutenção. Triste país esse, que ainda vive e valoriza uma arquitetura em "estilo colonial", sem sequer se dar conta do que isso significa.
Não soube mais do Lula. Espero que tenha voltado para a França.
Aí, uma amiga me conta uma piada de arquiteto, que diz mais ou menos assim:
Um pobre colega, após desagradar uma certa cliente (o que não é nada difícil, tão exigentes e intolerantes podem ser alguns clientes...), foi transformado em sapo. Vida úmida, coachando aqui e ali, até que se deparou com uma bela moça.
- Senhorita, falou ele, "sou um arquiteto encantado que foi transformado em sapo por uma cliente perversa. Mas, basta que me dês um beijo e voltarei a ser como antes. Em troca, serei teu para sempre, caso-me contigo e te serei eternamente fiel".
A moça gostou bem da idéia, pegou o sapo-arquiteto, colocou-o na bolsa, e foi aos seus afazeres. O sapo, ansioso, ficou apenas a observar, aguardando o momento do beijo salvador. Mas a moça nada, nem aí pro beijo, apesar do tempo passado desde o encontro. Ao que o bicho se manifestou:
- Querida, e o meu beijo, aquele que me libertará e me colocará para sempre ao teu lado, por quê não o tenho logo?
E disse ela:
- É que, pensando melhor, acho que ganharei muito mais dinheiro tendo um sapo que fala, que um marido arquiteto...
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Se medicaram:
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