Via Oral


Um blog sobre textos, aforismos, arte, literatura, arquitetura, humanismo e outras coisas para as quais ninguém dá a mínima. Escrito em encenado nas poucas horas vagas que a atividade de ADA (Arquiteto Doméstico Administrador) permite.
Um espaço perfeitamente adequado à muita conversa fiada, mentiras acreditáveis, ranhetices, rupturas, causos, crônicas e, sobretudo, área disponível aos amigos, uma turma cheia de gaiatices mas que eu adoro.
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terça-feira, junho 13, 2006

Festa ardente
Por Thimóteo Rosas*


"Pai, qual a festa que você mais gosta?" - perguntou-me o filhote. Pensei daqui e dali, antes de responder que não sabia. Aliás, antes de perceber que não tinha a menor idéia. Que coisas são essas, que só as crianças falam? Será que perdemos a capacidade de pensar em coisas geniais, quando crescemos? Tornamo-nos enfadonhamente lineares, eu acho. Hoje eu li lá no blog da Tchela, um mágico diálogo dela com o Furacão (da já famosa dupla Furacão e Foguetinho):

Filhote ouvindo mamãe comentar que não gosta de cortar os cabelos no frio:
- Mamãe, não é que o cabelo esquenta a cabeça?
- É sim, filhinho, e também protege a cabeça.
- Como?
- Se uma pessoa careca toma muito sol na cabeça, pode ficar com o couro cabeludo queimado.
- Mamãe, mas quem é careca não tem couro cabeludo! Só tem couro!

E pensar que o futuro pertence a eles... Sei lá.
Mas, voltando à história da festa, fiquei pensando em qual tipo de festa eu me sinto melhor, assim, que nem "pinto no lixo" mesmo. Dizia o Emílio, um amigo equatoriano, que uma festa boa tem que ser "una fiesta ardiente". Será?
Bem, de Carnaval todo mundo gosta. Eu não. Sentar o rabinho na frente da TV pra ver bundas e peitos não é o melhor programa da minha vida. Gosto do Carnaval porque posso bundear pela cidade mais calma. Só por isso.
Natal em família. Expressão redundante. Natal, só em família mesmo, pois de outra forma não existe. Ah, o Natal, como era bom, na infância... Não é mais a mesma coisa, mas ainda rola um clima. Presentinhos daqui e dali, reencontros com as mesmas pessoas do ano passado, um ano depois. Normalmente a gente ganha coisas das quais não gosta e desconta nos outros, sem nem perceber.
Festa de aniversário: Tanto dos outros quanto do nosso, essa festa é sempre a mesma coisa: o sujeito se mata pra receber os amigos da melhor forma possível, aluga salão, faz supermercado de última hora, corre pra gelar as bebidas, fritar salgadinhos, alugar as mesas, contratar garçons, o carinha da música, o animador e o escambau e, como resultado, não se diverte porque fica a dar atenção aos convidados. Mas, o melhor disso tudo, é que sempre tem alguém que sai falando mal da festa.
"V. viu só que salgadinho horrível? Nossa, como é que se tem coragem de servir uma coisa daquelas? Quase nem tinha camarão..."
"E a cerveja? Só tinha aquela marca, como é mesmo? Boemia? Logo eu, que só tomo Antártica..."
"A decoração da mesa tava tão feiazinha, né? muito sem graça..."
"Mas olha... aquela roupinha da menina, tadinha, tava um horror... Me poupe..."
É. Festa de aniversário é isso. Ou não é???
Churrasco: Ai, meu Deus... Um perigo. Isso me lembra uma vez em que minha mulher foi a um churrasco de confraternização de fim-de-ano. Marcaram num clube, ao meio dia em ponto. Elegeram um churrasqueiro, um professor, do tipo "gente-fina-toda-a-vida", sem que, no entanto, averiguassem seus antecedentes na nobre arte de colocar uns pedaços de carne sobre um leito de carvão aceso. A cena: sem faca para o talho das carnes, sem talheres, sem acompanhamentos e - o pior! - sem a carne! Lá pelas duas da tarde, compraram alguma coisa; e enquanto uma parte não identificada de um pobre bovino ardia em chamas na churrasqueira, os convivas se matavam por um pedaço de pão-de-alho queimado, molhado em cerveja quente. Churrasco não poderia ser minha festinha preferida mesmo.
Festa de despedida: Essa, nem pensar.
Ano-novo, o Reveillon original, hoje tão sem o mesmo propósito de antes. É a festa das ilusões, onde todo mundo acredita, baseados em sabe-se lá o quê, que o mundo será melhor, já a partir do dia seguinte - se não for segunda-feira, claro. Aí, a criatividade impera: as roupas para a festa podem ser de qualquer cor, desde que sejam brancas, em todas as variações de suas matizes... Todos têm que assistir à queima de fogos em Copacabana, e a meia-noite clássica, é hoje uma questão de preferência pessoal, considerando-se o "Horário Brasileiro de Verão", essa coisa estranha que fazem com o tempo, da qual todo mundo diz que gosta.
Festa Junina: Taí uma festinha que tem de tudo pra ser boa. Mesmo quando é ruim, diverte! Tem pescaria, bolo de mandioca, de milho, tapioca, milho verde, fogueira, correio do amor, salsichão, pipoca, quentão, prenda, quadrilha, ufa...! Tem tanta coisa que só não agrada a quem não comparece. É uma festa que me interessa.
Suruba. Oba! Essa sim, é a boa. É a mais praticada em Brasília, renovada e legitimada a cada 4 anos. É a festa preferida dos políticos e da qual nós todos participamos à distância (você também, viu? legal né?), na mais legítima expressão democrática. Ou v. vai me dizer que nunca se sentiu assim, digamos, com aquela sensação de ter tido sua retaguarda retofuricular violentada por alguma GRANDE medida provisória vinda lá do Planalto? Nessa festinha, eu tô dentro sempre - contra a minha vontade, claro - já que sou parte dessa nossa democracia, desse festival de falos ávidos, na qual somos (ou temos) a parte da qual eles mais gostam...
Para "nosotros" - diria eu ao velho Emílio - es una fiesta mui ardiente... Uuuuiiii!!!
Tá vendo, filho? Quem mandou perguntar???

*Thimóteo Rosas, preocupado com a próxima gestão do precedente Lula, já começou seu precioso estoque de Hipoglós, para a grande surubada dos próximos 4 anos.

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