Via Oral


Um blog sobre textos, aforismos, arte, literatura, arquitetura, humanismo e outras coisas para as quais ninguém dá a mínima. Escrito em encenado nas poucas horas vagas que a atividade de ADA (Arquiteto Doméstico Administrador) permite.
Um espaço perfeitamente adequado à muita conversa fiada, mentiras acreditáveis, ranhetices, rupturas, causos, crônicas e, sobretudo, área disponível aos amigos, uma turma cheia de gaiatices mas que eu adoro.
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quarta-feira, abril 04, 2007

Democracia

Que a democracia é o pior regime do mundo, nisso não há qualquer novidade. E não me venham com esse velho papo furado de que, nela, o povo tem equilíbrio de direitos, igualdade de oportunidades, tititís, tatatás, pererés, e etc. Um regime que elege um governo como esse que está aí, não tem a mínima chance de se dar ao respeito. Mas, já que tá...

Ranhetices e asperezas à parte, eu até simpatizo com as democracias. Digo "as", porque cada uma delas, dependendo do grupo que as institui, tem uma particularidade. A democracia norte-americana oscila entre a direita Republicana e a simpatia sempre suspeita do Partido Democrata. Lá, a coisa funciona razoavelmente porque eles ainda pensam que são os donos do mundo. Acham que essa ilusão se deve à sua idéia de democracia. Já o Lula, acha que democracia é tudo aquilo que não contrarie os interesses do PT. São apenas pequenas diferenças de opinião, que não criam nenhum incômodo ou inconveniente nas conversas dele com Bush. Aliás, ouvi dizer que a próxima reunião de ambos será num haras de um milionário americano. Bom. Ficarão todos mais à vontade, entre seus iguais.

Com sua origem na Grécia clássica, cidades-estado como a velha e bela Atenas implantaram um sistema de governo no qual todos os cidadãos livres podiam eleger seus governantes e também serem eleitos para as mesmas funções. Desse exercício estavam excluídos os escravos, as mulheres e os estrangeiros. Na verdade, a democracia vingou mesmo porque os cidadãos formavam um grupo numericamente reduzido e privilegiado. Tal e qual se vê hoje.

O mais interessante é que aqueles que a defendem com veemência, pertencem a duas classes diametralmente dispostas: a dos enganadores, no poder, e a dos enganados, na platéia. Os enganadores adoram-na porque ela os legitima. A platéia aplaude, orgulhosa por fazer parte de um regime estável, invejado por meio mundo e, claro, por acreditar que elegeu seus governantes. É algo parecido com aquele motorista boa pinta e que finge ser o dono do carro, enquanto o dono passa a tarde na cama da amante.

A grande diferença entre a democracia idealizada, grega de nascimento, e as versões mais modernas desse exercício sado-masô, é - pasmem! - nenhuma. Mas, como? - dirá você, caro eleitor. Simples: a democracia é o regime da MINORIA INFLUENTE, que conduz a MAIORIA ATUANTE, em situações específicas e relevantes. Não era assim na Grécia?

Uma eleição para presidente, por exemplo, é uma situação específica e relevante. É de imenso interesse de uma minoria influente (políticos de carreira, industriais, "dudasmendonças", governos estrangeiros, veículos de comunicação de massa, militares, etc., etc., etc,) que conduz uma maioria atuante (porta-vozes, sindicatos de classe, lideranças populares, a classe média, eu, você, a sua mãe, o seu pai, o seu vizinho, etc., etc., etc.), que elege alguém que essa minoria acha que "é o cara". Assim elegemos o velho e bom Tancredinho vaselina (que deu a sorte de morrer de véspera), como elegemos o Collor, o FHC (esse, num processo um pouco mais elaborado) e, por fim, o Lula.

Então, tá. Democracia é isso: um regime que não é exatamente do povo. É um regime com ações no mercado mundial, preferenciais (e bota preferenciais nisso...). É o regime da injustiça mais abjeta, cínica e inescrupulosa; é o regime da dissimulação, do conchavo, das mentiras vestidas de verdades incontestes, mentiras oficiais e cuja conveniência as tornam leis. É, afinal, o regime da manipulação, da torpeza e da malícia maldosa. Ela não tem sequer a graça das ditaduras ridículas, que nos fazem rir dos discursos bufos de seus "amins dadás". Na democracia, os engraçados somos nós. Eles riem, porque quem é governo ri à toa, igual aos ricos; nós somos apenas os palhaços de plantão.

Mas não desanime, meu caro amigo. Podemos subverter essa ordem, e acabar com esse regimezinho safado. Não é fácil, mas a gente pode votar e eleger nossos líderes. Primeiro, conheça-o, da sua história à sua obra; depois, vigie sua atuação e avalie se seu investimento valeu a pena. Dê-se ao respeito e não troque seu escrúpulo por uma cesta-básica ou por uma colocação na repartição perto da sua casa. De alguma forma, procure saber o que fazem seus eleitos; não esqueça os seus nomes, fique sempre de olho neles. Eles precisam se sentir vigiados. Eles só querem uma coisa de você (ao contrário do que v. espera deles): seu voto. Nós somos como um grande condomínio, e eles, os síndicos; se a taxa de manutenção está alta (e está), vamos saber porquê. Quando tudo isso for feito, teremos criado um novo regime, que do anterior terá apenas o nome. Esse nome deverá ser conservado, para jamais nos esquecermos de como ele pode ser perigoso, quando desprezado pelo seu criador, essa entidade mágica, chamada singelamente de POVO.

Bem, como isso aqui não é um ensaio sério, não vou tomar mais o tempo de quem me lê. Mas fica a provocação:

Em dimensões físicas, somos um dos maiores países do mundo;
Temos um dos maiores leques de recursos naturais do mundo;
Temos uma das maiores reservas de água doce do mundo;
Temos uma das maiores áreas cultiváveis do mundo;
Temos a maior carga tributária do mundo;
E alguns dos maiores bancos privados do mundo;
Os políticos mais bem pagos do mundo;

E, é claro, nós somos o povo mais otário do mundo.


Thimóteo, esse implicante.

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